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Ex-conselheiros da Aprosoja prestam depoimento à CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal

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Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) ouviu, nesta quinta-feira (03), os ex-conselheiros fiscais da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Naildo da Silva Lopes, José Guarino Fernandes e Jesur José Cassol, acerca das irregularidades encontradas nas contas de 2020 da associação, que resultaram na sua desaprovação.

Apesar de afirmarem que mais de 72% dos contratos da entidade firmados no período descumpriram normas internas da associação, os ex-conselheiros classificaram os apontamentos como “ressalvas” que, em suas avaliações, não configuram malversação de recursos públicos.

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O presidente da CPI, deputado Wilson Santos (PSDB), por outro lado, declarou que as informações apresentadas pelos ex-conselheiros comprovam a prática.

“Ficou claro de que eles concordam que o presidente Antônio Galvan não agiu com correção em 72% dos processos movidos durante aquele ano de 2020. Então a CPI vai buscar a documentação necessária, porque segundo o Supremo Tribunal Federal, parte dos recursos da entidade é público”, disse ao final da reunião.

Durante a oitiva, os ex-conselheiros explicaram que as ressalvas nas contas de 2020 da Aprosoja foram identificadas por meio de auditoria externa contratada pela entidade e que foi com base nestas informações que o conselho decidiu reprová-las. 

“Todos aqueles contratos tinham normas internas que não foram cumpridas para o pagamento, tipo [ausência de] certidão de INSS, certidão de FGTS por parte de prestadores de serviço, às vezes o contrato social nem estava protocolado junto à entidade para pagamento, então colocamos em discussão entre os seis conselheiros e resolvemos reprovar as contas. Nossa intenção era que as normas internas fossem seguidas. Isso foi colocado em discussão e aprovado em assembleia. O conselho fiscal está com a consciência tranquila de que foram feitos os apontamentos”, frisou José Guarino.

Outra irregularidade citada pelos depoentes foi a apresentação de cartões de abastecimento utilizados pelo então presidente sem a identificação do veículo abastecido. Naildo Lopes também relatou que os conselheiros enfrentaram dificuldades durante a fiscalização. Em certa ocasião, segundo ele, foram impedidos de ter acesso a documentos e tiveram que acionar a Justiça para conseguir o direito de investigar a entidade.

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Questionados por Wilson Santos sobre a decisão do STF de determinar o bloqueio contas bancárias da Aprosoja-MT para evitar apoio financeiro a atos antidemocráticos, em setembro de 2021, os conselheiros afirmaram não possuir informações sobre o assunto, uma vez que seus mandatos haviam encerrados.

Conforme o parlamentar, o entendimento do STF de que parte dos recursos utilizados pela entidade é arrecadado por meio do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e, portanto, público foi justamente o que motivou a convocação dos ex-conselheiros.

Relatórios finais da CPI – Durante a reunião foi aprovado cronograma sugerido pelo relator, deputado Nininho (PSD), para encerramento dos trabalhos da CPI. 

Até o dia 20 de abril deverão ser apresentados os relatórios acerca dos dois últimos tópicos investigados pela comissão: agronegócio e frigorífico. Já o relatório geral dos trabalhos será apresentado até o dia 20 de maio.

“O relatório final deve constar uma farra de sonegação que existe em Mato Grosso, a ineficiência quase que completa da fiscalização sobre a área de combustíveis, especialmente sobre as usinas de etanol, a farra total e solta que corre o setor da mineração no estado, o agronegócio, que tem práticas sim irregulares, ilícitas e desonestas com o Fisco Estadual”, adiantou Wilson Santos.

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Combustíveis e mineração – O relatório da sub-relatoria do setor de combustíveis foi apresentado em dezembro de 2019 e o referente ao setor de mineração, em setembro de 2021. 

No entanto, conforme o deputado Wilson Santos, a maioria das sugestões apresentadas pela CPI não foi atendida, como a implantação de delegacias de combate aos crimes de sonegação e fraudes nos combustíveis. Diante da situação, o parlamentar garante que a CPI vai reforçar a cobrança junto ao Governo do Estado.

O deputado Carlos Avallone (PSDB), vice-presidente da CPI, também participou da reunião.

 

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Senado aprova PEC sobre criminalização da posse de drogas

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O Senado aprovou nesta terça-feira (16), em dois turnos, a proposta que inclui na Constituição Federal a criminalização da posse e do porte de qualquer quantidade de droga ilícita. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) teve 53 votos favoráveis e nove contrários no primeiro turno, e 52 favoráveis e nove contrários no segundo turno.

Apresentada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a PEC acrescenta um inciso ao art. 5º da Constituição Federal para considerar crime a posse e o porte, independentemente da quantidade de entorpecentes e drogas sem autorização ou em desacordo com a lei. Segundo a proposta, deve ser observada a distinção entre o traficante e o usuário pelas circunstâncias fáticas do caso concreto, aplicando aos usuários penas alternativas à prisão e tratamento contra dependência.

Pacheco esclareceu que a PEC faz uma ressalva sobre a impossibilidade da privação de liberdade do porte para uso de drogas. “Ou seja, o usuário não será jamais penalizado com o encarceramento”, disse. Ele também destacou que a utilização de substâncias derivadas de drogas ilícitas para uso medicinal não será afetada pela PEC.

Atualmente, a Lei nº 11.343, de 2006, conhecida como Lei das Drogas, estabelece que é crime vender, transportar ou fornecer drogas. A pena é de reclusão de cinco a 15 anos, além de multa. Adquirir, guardar,  transportar ou cultivar drogas para consumo pessoal também é considerado crime pela lei atual, mas neste caso as penas previstas são advertência, medidas educativas e prestação de serviços à comunidade. A legislação não estabelece uma quantidade de entorpecentes que diferencie os dois delitos.

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Ao justificar a apresentação da PEC, Rodrigo Pacheco argumenta que não há tráfico de drogas se não há interessados em adquiri-las. “O traficante de drogas aufere renda – e a utiliza para adquirir armamento e ampliar seu poder dentro de seu território – somente por meio da comercialização do produto, ou seja, por meio da venda a um usuário final”, diz.

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As propostas de emenda à Constituição devem ser aprovadas em dois turnos de votação, precedidos de cinco e duas sessões de discussões em Plenário, respectivamente, para entrarem em vigor. Uma PEC é aprovada quando acatada por, no mínimo, três quintos dos senadores (49 votos), após dois  turnos de deliberação.

Após aprovada no Senado, a proposta seguirá para a análise da Câmara dos Deputados. Para que a mudança seja incluída na Constituição, a PEC precisa ser aprovada nas duas Casas do Congresso.

Votação no STF

A aprovação da PEC pelo Senado é uma resposta ao Supremo Tribunal Federal, que  também avalia a questão do porte de drogas. O julgamento do tema foi suspenso em março por um pedido de vista apresentado pelo ministro Dias Toffoli. Antes da interrupção, o julgamento está 5 votos a 3 para a descriminalização somente do porte de maconha para uso pessoal.

No recurso analisado, o STF julga a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas. Para diferenciar usuários e traficantes, a norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e o comparecimento obrigatório a curso educativo para quem adquirir, transportar ou portar drogas para consumo pessoal.

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A lei deixou de prever a pena de prisão, mas manteve a criminalização. Dessa forma, usuários de drogas ainda são alvo de inquérito policial e de processos judiciais que buscam o cumprimento das penas alternativas.

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No caso concreto que motivou o julgamento, a defesa de um condenado pede que o porte de maconha para uso próprio deixe de ser considerado crime.  O acusado foi detido com 3 gramas de maconha.

Debate

A votação em plenário foi precedida de debate entre senadores contrários e favoráveis à PEC. Marcos Rogério (PL-RO) disse que a PEC vem em defesa da sociedade brasileira. Segundo ele, um terço das prisões do país se dá em razão das drogas. “Mas não porque são usuários, mas porque são traficantes, que atormentam as famílias brasileiras”.

O senador Humberto Costa (PT-CE) disse que a PEC amplia a discriminação contra pessoas pobres, negras e marginalizadas e defendeu que a mudança vai desestimular os usuários de drogas a buscarem o tratamento adequado. “Procurar o serviço de saúde será reconhecer a condição de usuário e dependente e, portanto, estar submetido à possibilidade de ser criminalizado e responder a vários processos”.

Em seu relatório, o senador Efraim Filho (União-PB) destacou a nocividade social e de saúde pública que as drogas proibidas geram. “Nesse contexto, vale destacar que a simples descriminalização das drogas, sem uma estrutura de políticas públicas já implementada e preparada para acolher o usuário e mitigar a dependência, fatalmente agravaria nossos já insustentáveis problemas de saúde pública, de segurança e de proteção à infância e juventude”, disse.

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EBC

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