Dessa vez, o assunto foi tratado pelo prisma do discurso de ódio e da violência de gênero
Imagem: Asscoinf/PFDC
Na manhã de quinta-feira (26), foi realizado o quinto webinário do ciclo de debates sobre violência on-line, com o tema “Discurso de Ódio e Violência de Gênero”. O evento faz parte do projeto Encontros da Cidadania, promovido pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC). Ao final do dia, o Canal do MPF do YouTube já registrava 600 visualizações.
Abrindo o evento, o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Vilhena, relembrou alguns eventos recentes de mulheres que foram vítimas de ódio nas redes sociais, um deles, o caso Patrícia Campos Mello. A jornalista e sua família foram sistematicamente ameaçadas, após ela publicar reportagens mostrando que, durante as eleições de 2018, houve disparos em massa de mensagens via WhatsApp em favor de um dos candidatos à Presidência da República.
Ponderou que esse é apenas um caso de maior visibilidade pública e que a todo momento, nas redes sociais, são agredidas inúmeras mulheres com menos visibilidade e recursos para enfrentar esse tipo de ataque. “Este debate, portanto, reveste-se de grande importância. Entender como esse fenômeno ocorre, bem como quais as opções para combatê-lo, é fundamental para criar um ambiente mais seguro para todas as mulheres de nosso país.”
A pós-doutora em Teorias Jurídicas Contemporâneas e professora do Centro Unificado de Brasília (UniCeub), Soraia da Rosa Mendes, levantou a questão do que ela chama de feminicídio de Estado. “O discurso de alguém que ocupa a cadeira do governo, do Estado, acaba impulsionando violências que estão em lugares diversos”. Para ela, essa macroviolência gera diversas microviolências seríssimas.
Autora de livro sobre o assunto, Soraia sustenta que os impactos dessa violência estatal ficaram mais acentuados durante a pandemia de covid-19, sobretudo para mulheres negras, trans, grávidas e puérperas. A pesquisadora enfatizou também as dimensões assustadoras que a violência sexual contra as mulheres tomaram no Brasil. Em média são 60 mil boletins de ocorrência de estupro registrados por ano – número, segundo ela, mais alto do que o de alguns países em guerra declarada.
Para a procuradora da República Ana Letícia Absy, mediadora do webinário, a violência começa ao se ignorar as particularidades que caracterizam cada pessoa. “O discurso de ódio começa de uma tentativa de equiparar o desigual”. Outra maneira de violência que ela menciona, muito comum no país, é a ridicularização em torno das diferenças de gênero. “No Brasil, a gente mascara a agressão com piada, fingindo que está fazendo graça”.
O evento contou também com a participação, como debatedora, da procuradora da República Priscila Schreiner, que falou da importância de tratar os direitos adquiridos pelas mulheres como conquistas e não uma concessão que é feita pelo poder público. “A gente tem, historicamente, pessoas que lutaram para conquistar direitos, e a gente não pode deixar morrer esses direitos”. Para ela, tão importante quanto obter novas conquistas, é manter as conquistas que ocorreram no passado”. Outro ponto trazido pela procuradora foi a importância de que a luta das mulheres não seja só das mulheres, mas que os homens também participem, o que ela chama de sensibilização do masculino.
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, pode assistir a gravação do webinário no canal do MPF no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=mwqkg7IfUTU
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