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EUA entram em recessão técnica e analistas apontam riscos para o Brasil

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EUA entram em recessão técnica e analistas apontam riscos para o Brasil

A recessão nos Estados Unidos, sinalizada por dois trimestre consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB), confirma que há uma desaceleração mundial em curso nas economias desenvolvidas. Isso complica, sobretudo, a situação de países emergentes como Brasil, que é exportador de matérias-primas, e pode ter impacto no enfraquecimento da atividade já no quarto trimestre deste ano, avaliam economistas. Mas, do ponto de vista da inflação, a recessão global pode trazer um certo alívio nas pressões nos preços mundiais. Mesmo assim, inflação brasileira deve fechar este ano em níveis elevados, entre 7% e 8%, distante da meta de 3,5%.

No segundo trimestre deste ano, o PIB dos EUA registrou contração de 0,9%, em termos anualizados, de acordo com a primeira leitura do indicador divulgada ontem pelo Departamento do Comércio do país. Como a atividade econômica havia encolhido 1,6% nos três primeiros meses do ano, a maior economia do planeta teve dois trimestres consecutivos de retração, um critério normalmente usado por economistas para definir uma recessão técnica.

Os EUA e a economia global como um todo estão enfrentando uma inflação permanentemente alta e o enfraquecimento do crescimento, especialmente depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, que elevou os preços da energia e dos alimentos. Empresas e consumidores norte-americanos têm lutado sob o peso da inflação alta e dos custos de empréstimos mais elevados. Na última quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) elevou sua taxa básica de juros em 0,75 ponto porcentual pela segunda vez consecutiva na tentativa de vencer o pior surto de inflacionário em quatro décadas.

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“Se havia dúvida de que teríamos uma recessão nas economias dos países desenvolvidos, ela não existe mais”, afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Na sua avaliação, o resultado do PIB dos EUA indica que a recessão mundial esperada esteja mais adiantada do que o previsto. “É difícil o Brasil escapar disso”, prevê.

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Vale acredita que a recessão mundial poderá ter impacto no ritmo de atividade da economia brasileira já neste semestre, especialmente no quarto trimestre, que deve combinar os efeitos dos juros elevados com o cenário conturbado por causa das eleições. “Não se trata de um cenário de forte desaceleração porque teremos um terceiro trimestre com a PEC dos auxílios que tende marginalmente ajudar, mas talvez no quarto trimestre possa ter uma queda no PIB.”

Para o economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a recessão americana é mais um ponto num cenário mundial com múltiplos vetores, que se complica, especialmente para os países emergentes. Esse ambiente, na sua opinião, diminui a capacidade de crescimento da economia brasileira. “Não é a recessão americana que nos afeta, mas o ambiente internacional mais restritivo que joga o mundo para baixo, o juro para cima e cria mais pressão sobre todos os emergentes.”

Comparando com freadas anteriores, Ribeiro avalia que a situação atual é mais frágil, pois a capacidade da China de resgatar a economia global hoje é menor. “A China vai crescer, mas num ritmo muito menor do que se imagina.” Por isso, acredita que a capacidade do gigante asiático ser um contrapeso à desaceleração mundial, como importador de commodities dos emergentes, terá um impacto bem reduzido.

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Inflação

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Apesar do balde de água fria na atividade, a recessão pode trazer algum alívio na inflação. O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, destaca efeitos distintos. Por um lado, a freada na economia dos EUA representa uma abalo na demanda global, inclusive nas exportações brasileiras de produtos de maior valor. No entanto, tem reflexos contracionistas nos preços dos ativos, das matérias-primas e contribui para conter pressões inflacionárias. “Neste momento, com a inflação sendo a grande preocupação, a recessão americana acaba sendo um fator de alívio para as pressões inflacionárias mundiais mais agudas.” Também a recessão contribui para ampliar a especulação dos mercados de que o Fed pare o ciclo de alta de juros antes do que se previa. Isso pode interromper a escalada do dólar.

Vale também acha possível um alívio nos preços, mas frisa que, no caso brasileiro, mesmo assim, o patamar inflacionário segue elevado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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Presidente do Conselho de Administração da Petrobras é reeleito

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O atual presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Pietro Mendes, foi reeleito para o cargo e exercerá um novo mandato por dois anos. Sua manutenção no posto foi selada nesta quinta-feira (25) durante a assembleia geral ordinária dos acionistas da companhia.

Pietro Mendes também é secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). É uma nome de confiança do ministro Alexandre Silveira.

Ele chegou a ficar afastado do Conselho de Administração da Petrobras por alguns dias no início do mês. O afastamento havia sido determinado no dia 11 de abril pela Justiça Federal de São Paulo, que atendeu uma ação popular promovida pelo deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo-SP).

O parlamentar alegou que a nomeação do secretário feria regras previstas na Lei das Estatais. No entanto, a Advocacia-Geral da União (AGU) obteve sucesso com um recurso e a decisão foi revertida no dia 16 de abril.

Além de reconduzir Pietro Mendes, a assembleia geral manteve no Conselho de Administração da Petrobras outros quatro integrantes indicados pelo governo: o atual presidente da companhia, Jean Paul Prates; o secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti; o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, Vitor Saback; e o advogado Renato Gallupo.

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Com os novos mandatos para estes cinco nomes, o governo obteve ainda sucesso na eleição de Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda. Dessa forma, preservou a composição majoritária, elegendo seis dos 11 conselheiros.

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Única cara nova entre os representantes da União no Conselho de Administração da Petrobras, Rafael Dubeux ocupará a cadeira deixada pelo ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sergio Machado Rezende. Sua saída do Conselho de Administração já era certa, uma vez que ele não era candidato.

Assim como Pietro Mendes, Rezende chegou a ser afastado por decisão judicial que acatou argumentos do deputado Leonardo Lima. Da mesma forma, um recurso da AGU foi acolhido e ele retomou ao posto de conselheiro dias depois. Mesmo assim, o governo optou por não lançar sua candidatura à reeleição.

Os acionistas minoritários reelegeram o investidor Juca Abdalla e os advogados Marcelo Gasparino e Francisco Petros. Um rosto novo foi escolhido pelos detentores de ações preferenciais: o contabilista Jerônimo Antunes. Ele substituirá o economista Marcelo Mesquita, que não poderia mais concorrer por já ter cumprido dois mandatos.

Distribuição de dividendos

Antes da eleição, a assembleia aprovou a proposta de distribuição de R$ 21,95 bilhões aos acionistas, referente a 50% do valor avaliado para os dividendos extraordinários. Em março, o Conselho de Administração, considerando a previsão de novos investimentos e a necessidade de análises detalhadas, anunciou a retenção de 100% dos dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões.

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A decisão gerou forte queda nas ações da Petrobras e o assunto também se tornou o centro de discussões políticas.

Na última sexta-feira (19), Conselho de Administração reavaliou o cenário. Levando em conta a melhora na capacidade da Petrobras para financiar seus projetos, foi liberado o repasse de 50%.

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Eleição

O Conselho de Administração da Petrobras é o órgão colegiado superior da companhia, responsável pela tomada das decisões estratégicas. Ao todo, é composto por 11 integrantes. Os mandatos são de dois anos, permitidas até duas reeleições por conselheiro.

Das 11 cadeiras, uma é ocupada por um representante dos detentores de ações ordinárias e outra por um representante dos detentores de ações preferenciais. Além disso, um nome é escolhido pelos trabalhadores da Petrobras: a atual conselheira, Rosângela Buzanelli, já havia sido reeleita pelos colegas e ficará por mais dois anos.

As outras oito vagas são disputadas. Nomes são indicados tanto por investidores privados como pelo governo, que representa a União, o acionista controlador da Petrobras.

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Todas essas oito cadeiras eram ocupadas por indicados pelo governo até 2020, quando uma mudança no processo de eleição favoreceu os acionistas minoritários. As novas condições permitiram a eles conquistar duas dessas vagas. Desde então, o governo mantém seis cadeiras, o que já é suficiente para preservar a composição majoritária do Conselho de Administração.

A lista de candidatos apresentada pelo governo, no entanto, trazia oito nomes. A relação incluía o advogado Benjamin Rabello Filho e a engenheira de produção Ivanyra Correia, que não foram eleitos. Para que fosse possível ampliar sua influência no Conselho de Administração, o governo precisaria que pelo menos um deles recebesse o apoio de parte dos acionistas privados.

Fonte: EBC Economia

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